quinta-feira, 29 de outubro de 2009

ANÚNCIO- A VISÃO DE UM RETROVISOR AMIGO

Hoje acordei num canto diferente. Havia levado uma pancada na noite anterior. A última coisa que lembro é de uma luz muito forte vinda na minha direção. Meu papel era vigiar à minha volta, estava fazendo tudo direitinho. No entanto, de nada posso ajudar se ele não presta atenção em mim.
Voltávamos de uma festa no clube. A noite parecia ter sido agitada. Enquanto ele se divertia, fiquei a sua espera no estacionamento. Por volta das 4 horas, nos reencontramos. Ele parecia cansado e visivelmente alterado, mas não percebia. Quando sua namorada perguntou se ele estava em condições de dirigir, disse que estava perfeitamente bem. “Só tomei duas taças.” Ela insistiu, lembrando-o que, além de ser perigoso, meia taça já era suficiente para ele receber uma bela multa. Se a lei existe, ela deve ser cumprida, afirmou a companheira. Mesmo com todos os alertas, ele, teimoso, sentou-se ao volante. Como seu fiel parceiro, continuei ao seu lado, mais atento do que nunca. Infelizmente, de nada adiantou. Ele até tentou desviar. Não deu tempo. Quando vi, já era tarde demais. Um clarão foi se aproximando, senti uma pancada muito forte e apaguei. Acordei hoje no chão, jogado. Não sei qual foi o fim dele, só espero, realmente, que esteja tudo bem e que esse fato tenha servido para alguma coisa.
Escrito por Carolina Andrade, Catharina Choi, Felipe Assato e Pedro Ribeiro

terça-feira, 27 de outubro de 2009

Agulha

gravação do conto "Agulha" de Ingrid Halpern Spritzer (www.crazyinspiration.blogspot.com)

domingo, 25 de outubro de 2009

Encontro

Estava lá no local marcado. Camiseta vermelha e uma rosa nas mãos para ser facilmente identificado. O relógio mostrava o descaso. Ela apareceu, mas ele não soube. Ela foi embora, ele não agradou.

Texto escrito por mim e Francieli na aula de LIP II

quarta-feira, 7 de outubro de 2009

Teatro

Surgiu uma necessidade de se expressar, um nó na garganta. A vida tinha sido adiada por tempo demais. No palco tudo se resolveria, as emoções da personagem dariam vazão a uma vida de sentimentos reprimidos.
Talvez estivesse ficando louco, mas preferia não pensar sobre isso, pois a razão também é estrada certa para a loucura. Agora estava aberta a porta da percepção, e a queria da forma mais pura.
Estava se preparando para uma peça, um personagem difícil, causava-lhe a dualidade amor e ódio, pois admirava a complexidade da personagem, que lhe exigiria muito trabalho, uma pesquisa acurada, um contato com o mundo através de outros olhos, novos olhos.
Com os olhos antigos, os próprios, enxergava um grande defeito em sua personagem. É que a complexidade sufocava a simplicidade, a bela e sábia simplicidade, a chave para uma vida mais evoluída.
Entardeceu. Era um belo final de tarde, não que tivesse visto, mas podia sentir de dentro do camarim onde se arrumava para apresentação daquela noite. Sentia-se bem, era um daqueles dias em que até se ri da vida.
Estava em silêncio, seu rosto não mostrava nenhum sentimento claro, percebeu isso pois se olhava ao espelho, não conseguia parar de olhar, olhava em seus próprios olhos fixamente. Assustava-lhe o que via. Como é estranho olhar para si próprio. Não estranhou no entanto quando o silêncio interrompeu-se por um odor que deixou tudo mais aguçado, inclusive as cores.
Foi quando percebeu que sua imagem não estava mais no espelho, estava ao seu lado. A imagem disse que há muito esperava por esse momento, e sem dizer mais nada, saiu e tomou o palco, posicionando-se no proscênio, olhando fixamente para todos da platéia.
Um jovem casal levantou-se, chamando a atenção de todos, beijaram-se, deram as mãos rindo e correram ao palco, onde se despiram, cessando os risos ao se deitarem.
Estava finalmente pronto para sair do camarim, estranhou o silêncio quando atingiu o palco, havia fechado os olhos para apurar a audição, o silêncio tem muito a dizer. Quando finalmente abriu os olhos, estava no proscênio, voltado para uma platéia vazia. Decepcionou-se, sentiu vontade de voltar ao camarim, virou lentamente, deparando-se com um palco tomado por corpos desnudos. A emoção foi grande, desceu à platéia e sentou-se na primeira fileira, a contemplar.